Maurício Luiz Szacher e Joel Bueno da Costa Filho
Viver hoje é uma tarefa árdua e difícil, levando-se em consideração as constantes mutações do mundo moderno e as pressões intelectuais e emocionais que o ser humano vê-se obrigado a enfrentar.
O ser humano moderno se acha de tal modo envolvido nesse ritmo acelerado das descobertas científicas e das mudanças tecnológicas que se aliena cada vez mais de si mesmo e de seus semelhantes.
É necessário resgatar a dimensão humana e até mesmo nosso próprio significado.
A maior parte dos esforços empresariais é direcionada para o aumento e o aprimoramento da produção, deixando de perceber a importância do plano das relações interpessoais e dentro dela a importância deste processo para a obtenção da qualidade.
É mais fácil treinar tecnicamente do que conseguir mudanças comportamentais. Aprender a aprender é uma aquisição de hábito muito importante em qualquer processo educativo.
O desenvolvimento das relações interpessoais é a mola existencial que os indivíduos possuem para alcançar uma integração real e um rendimento efetivo no ensino-aprendizagem.
Dois pontos tornam-se fundamentais para o sucesso de qualquer processo de educação permanente. São eles:
1. O desenvolvimento contínuo da relação interpessoal, ou seja, saber relacionar-se bem com as pessoas, de uma maneira saudável;
2. A comunicação forte e positiva para haver interações satisfatórias entre instrutor e treinando.
Nos grupos em treinamento, o instrutor tem um papel muito importante além de ensinar. Ele é o responsável pela orientação do grupo para que o mesmo alcance a aprendizagem, exercendo também um papel social de orientar indivíduos, não apenas como instrumentos de produção, mas também para que se desenvolvam como pessoas.
Carl Rogers, Jean Paul Sartre, Erich Fromm e outros afirmam que o relacionamento humano é precioso demais em suas potencialidades para ser reduzido ao nível de funcionamento de uma máquina.
Se tivermos sempre presentes em cada um de nós a preocupação e o cuidado de aprimorar nossas habilidades no relacionamento interpessoal, os resultados obtidos gerarão condições favoráveis para o trabalho de grupo e um clima de confiança entre os participantes, permitindo que a qualidade das pessoas flua.
Myron R. Chartier nos apresenta cinco elementos críticos que contribuem para uma comunicação interpessoal eficaz. São eles:
• Auto-imagem;
• Saber ouvir;
• Clareza de expressão;
• Capacidade para lidar com sentimentos de contrariedade;
• Auto-abertura.
Vamos destacar aqui dois desses elementos:
Auto-imagem – É o centro do seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pessoal. Funciona como um visor através do qual o ser humano percebe, ouve, avalia e compreende as coisas; é seu filtro individual do mundo que o cerca.
Auto-abertura – Todo indivíduo que possui capacidade de falar francamente sobre si mesmo estabelece uma comunicação eficaz.
Powell coloca muito bem essa questão: “A capacidade de alguém para se auto-revelar é um sintoma de personalidade sadia”.
Sem esses dois elementos, torna-se impossivel uma integração grupal, que é o que todo instrutor busca para que o treinamento possa ocorrer num clima harmônico, onde os treinandos desenvolvam relações interpessoais abertas e confiantes.
A comunicação adequada com outra pessoa, ou seja, reencontrá-la psicologicamente e estabelecer um diálogo, não é um dom inato, mas sim uma atitude adquirida por aprendizado.
O processo ensino-aprendizagem não pode ser encarado de maneira simplista, como se apenas dependesse dos objetivos do educador, pois diversas variáveis agem como componentes externos, tais como psico-motora, cognitiva e humanística.
O desenvolvimento interpessoal pode ser planejado para atender a objetivos tanto individuais como grupais.
Dar ajuda e ter uma participação eficiente promovem o crescimento de um grupo e, consequentemente, abrem caminho para que o objetivo, ou seja, a aprendizagem, seja alcançada.
A vivência e a carga de experiência que cada um carrega são muito importantes, pois uma experiência vivenciada e traduzida para o grupo não só é sentida pelo grupo, como deve ser aproveitada pelo instrutor como motivação e ser transformada em um pequeno debate.
À medida que um treinamento evolui, a estrutura do grupo inicial vai se modificando gradativamente, dependendo da maneira como o mesmo está sendo conduzido.
O importante é treinar sistematicamente. Somente através de repetições e análises é que adquirimos novos valores e hábitos. Novos valores, novas aquisições de hábitos, novas idéias, novos conceitos vão, sem dúvida alguma, gerar novos comportamentos que em muito contribuirão para uma aprendizagem plena, pois um grupo bem integrado alcança seu objetivo técnico e, mais importante, sua verdadeira dimensão pessoal.
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