quarta-feira, 6 de julho de 2011
A influência da música na saúde mental
A música se destaca dentre as expressões artísticas desde os primórdios da narrativa bíblica. No século VI a.C., Pitágoras afirmava: "a música e a dieta são os dois principais meios de limpar a alma e o corpo e manter a harmonia e a saúde de todo organismo".
Nada no planeta "escapa" aos efeitos da música. Ela interfere em tudo que se refere aos seres vivos: na digestão, na produção de secreções, na circulação sanguínea, nas batidas cardíacas, na respiração, nutrição, etc... nas inteligências.
O alemão Tartchanoff, especialista nos fenômenos cerebrais, provou que "a música exerce poderosa influência sobre a atividade muscular, que aumenta ou diminui, de acordo com o ritmo, o volume, o estilo, em qualquer atividade".
Os sons são dinamogênicos, isto é, aumentam a energia muscular em função de sua intensidade e ritmo. Ou o inverso: a música pode paralisar. O uso errado da música encurta a vida e, corretamente usada, ajuda a preservá-la. As batidas cardíacas podem ser reguladas ou transtornadas pelos sons musicais. O rock, por exemplo, faz mal à saúde física e mental e vicia, tanto quanto qualquer droga química. Um rock-dependente submetido a um tratamento de desintoxicação mental demora a curar a desarmonia no seu metabolismo.
Já os ritmos harmoniosos são estimulantes, sedativos, ajudam a recuperar o sono e fixam a memória. A medicina usa a música na terapia de: partos, cirurgias, tratamentos dentários etc. Empresas entretêm pacientes em sala de espera com música suave, neutralizando a ansiedade.
Médicos de Los Angeles, EUA, selecionam músicas para relaxar no tratamento de pacientes com dores. No Brasil, a música já é usada na recuperação de doentes terminais.
Há muito, sabe-se que a música estimula a produção no trabalho. Em restaurantes, ela estimula o apetite, o romantismo, a confraternização, as comemorações. Nos quartéis, desperta o espírito cívico. A Bíblia conta, por exemplo, que o rei Jeosafá usou um grandioso coral e uma banda de música para intimidar o inimigo (2 Cr 20). Ganhou a batalha!
Shakespeare dizia que a música: "presta auxílio a mentes enfermas, arranca da memória uma tristeza arraigada, arrasa as ansiedades escritas no cérebro e, com seu doce e esquecedor antídoto, limpa o seio de todas as matérias perigosas que pesam sobre o coração".
Para cada ambiente, há ritmos, sons e volumes apropriados. Porém, o volume acima de 70 decibéis, segundo órgãos internacionais de saúde, pode causar espasmos e lesões cerebrais irreversíveis. Mais de 90 decibéis, e o excesso sonoro e rítmico calcificam parcialmente o cérebro, bloqueando a memória.
A epilepsia musicogênica resulta do excesso de ruídos musicais, incluindo convulsões. A lesão produzida pelo mau uso do som pode até matar, se a vítima não for adequadamente tratada. Desde o quarto mês de gestação, os bebês já podem ouvir. A ansiedade de uma grávida onde o som ultrapassa limites seguros é percebida e registrada pelo feto.
Hoje, muitos jovens têm problemas de audição comuns em idosos, o que explica o volume exagerado de músicas em festas e cultos. Isso leva a sons cada vez mais altos. Outros efeitos negativos são irritabilidade, memória confusa, baixa aprendizagem, baixa autoestima, insônia, cefaleia, vômitos, impotência, morte etc.
Na Alemanha, um estudo revelou que 70 decibéis sistemáticos de música causam constrição vascular - mortal, se as artérias coronárias já estiverem estreitadas pela arteriosclerose. É comum o mal-estar súbito em pessoas durante festas em que a música é uma arma. Por outro lado, a música sensibiliza, entusiasma, fortalece a memória, consola; tranquiliza, desperta a atenção, estimula a inteligência.
Nos céus de Belém, anjos cantaram na noite em que a internet de Deus se abriu à humanidade e o data-show celestial revelou as "... novas de grande alegria..." (Lc 2.10).
Ivone Boechat é Mestre em Educação e PhD em Psicologia da Educação pela Wisconsin International University, nos EUA.
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