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domingo, 15 de maio de 2011

LIDERANÇA SERVIDORA

Maria Elisabeth da Silva Barbieri

1. Jesus e o lava pés
Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).


Liderar é servir.
Esta afirmativa decorre da proposta de Jesus para a condução e o treinamento de adeptos à sua doutrina, que atravessou séculos, sem perder a essência.
Ninguém de bom senso pode negar que a vida do mestre de Nazaré exerceu uma grande influência na história. Hoje, um terço da população do planeta, o equivalente a mais de dois milhões de habitantes identifica-se como cristão.


Nosso calendário mede a passagem do tempo desde o seu nascimento.
O Espiritismo não estabelece nenhuma nova ordem moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, dando a fé inabalável e esclarecida àqueles que duvidam ou vacilam. EV, Cap 17, 4.


Em nossos núcleos doutrinários, onde o conhecimento espírita é ponto de partida para a renovação de posturas e hábitos, temos o ambiente propício para desenvolvê-la e usufruirmos dos benefícios que ela traz aos grupos onde é vivenciada.


James C. Hunther, autor do best seller O Monge e o Executivo, afirma que a sua tese sobre liderança servidora não é verdadeiramente sua, mas apenas ele a tomou emprestada de Jesus.


O líder servidor é aquele que transcende os limites do personalismo, abdicando das opiniões e pontos de vista em prol dos objetivos comuns. Aplica-se ao trabalho contínuo para viabilizar os resultados da sua equipe sem preocupar-se com o brilho individual.
Tem como meta prioritária a formação de novos líderes para a continuidade dos abençoados serviços no bem.


Também, tem o compromisso de promover a união de esforços, de sentimentos para a unificação de princípios, viga mestra que assegura a excelência do trabalho desenvolvido.
Citando Francisco Spinelli :“Aprendamos a servir, aumentando as nossas possibilidades de auxílio aos corações humanos, neste momento de tão grande significação para todos nós.


Unificação em teoria é exposição sem vitalidade
Unificação em prática é atividade doutrinária edificante.” ¹


Há muito tempo lidamos em nossos grupos e equipes com a realidade da evasão das pessoas que iniciam os estudos da doutrina, das deserções, dos conflitos, da escassez de recursos humanos e da dificuldade de formação de novos líderes.


Isto nos aponta para a necessidade de uma mudança de atitudes no que se refere ao processo de liderança, pessoas e relacionamentos.


Os métodos anteriores de condução, distribuição, administração do trabalho, que produziram bons resultados no passado, não atendem mais às necessidades de um Movimento Espírita com estrutura administrativa complexa, destinada a atender uma clientela que cresce em número e nível de exigência.
As avaliações sistemáticas ou não, que fazemos de nossas atividades ensejam a conclusão de que precisamos investir na melhoria contínua para a obtenção de resultados compatíveis com a grandeza da mensagem que veiculamos.


Adeptos mais esclarecidos, grupos mais unidos, ambientes doutrinários mais harmônicos, espírito de renúncia e trabalho mais acentuado, trabalhadores mais comprometidos e conscientes do seu papel na edificação das relações familiares, sociais, o crescimento do contingente de bons médiuns, multiplicação de voluntários nas tarefas de assistência e promoção social, são resultados que queremos atingir.


Porém, resultados diferentes somente são alcançados com ações diferentes. Fala-nos um estudioso do assunto: “Uma definição de insanidade é “continuar a fazer o que você sempre fez e esperar resultados diferentes” ²
A Doutrina Espírita que nos ensina a conviver com a realidade da impermanência, da evolução contínua em busca da perfeição oferta-nos todos os recursos para a mudança que necessitamos até porque ela não é senão a constante readequação de nossas posturas aos preceitos da Lei Divina, na medida em que nosso entendimento se amplia.
Lemos em O Livro dos Espíritos, questão 619: Deus deu a todos os homens meios de conhecer sua lei? – Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem; os que a compreendem melhor são os homens de bem e os que procuram pesquisá-la; entretanto, todos a compreenderão um dia, porque é preciso que o progresso se realize.


Comentários: A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência desse princípio, uma vez que a cada nova existência sua inteligência é mais desenvolvida e compreende melhor o bem e o mal. Se tudo devesse se cumprir numa única existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem a cada dia no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem que tivesse dependido deles o esclarecimento? (Veja as questões 171 e 222.)”


2. Definição de Liderança:
“Dá conta de tua administração” Lucas, 16:2
A habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter.
Palavras-chave do conceito: habilidade, influência e caráter


Deste conceito decorrem, naturalmente, algumas conclusões:


Liderança não é apenas competência técnica (saber), liderança não é competência funcional ( fazer), liderança é saber ser.


Planejar, organizar, solucionar problemas, controlar, manter a ordem é o que fazemos, liderar é o que somos no desempenho do que fazemos.


Liderar é inspirar, pessoas, tocar-lhes a alma para envolve-las de forma que elas coloquem o seu coração, mente, criatividade a serviço de um objetivo.


“Apascenta as minhas ovelhas.” Jô, 21.17
3. Poder x Autoridade
Liderar é uma escolha. Quando nos oferecemos ou aceitamos liderar fazemos a primeira opção. A segunda escolha é se vamos liderar pelo poder ou pela autoridade.
Poder: é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer a sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer.
Autoridade: A habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você propõe, por causa de sua influência pessoal. (Max Weber)


Nos perguntemos: O que Jesus, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr. tinham em comum?
A capacidade de liderança de todas essas figuras era marcada por uma característica: A falta de poder. Todos vieram de uma origem pobre, sem recursos, sem poder político ou financeiro .Porém todos eles geraram grandes mudanças em seus segmentos respectivos! Como?


A maioria das pessoas acredita que para mudar a vida dos outros ou a sua própria vida, é necessário ter grandes poderes, grandes conquistas, muitos recursos, só assim eles terão sua opinião ouvida.
O que esses grandes líderes ensinaram é que muitas vezes a Autoridade é maior que o Poder.
“Todo aquele que é depositário da autoridade, seja qual for em grau de importância, desde um senhor para com seu servidor até o soberano para com seu povo, não deve esquecer-se de que é um encarregado de almas e responderá pela boa ou a má orientação que der a seus subordinados. Vai arcar com as culpas das faltas que estes poderão cometer, dos vícios aos quais serão arrastados em conseqüência dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos;” OS SUPERIORES E OS INFERIORES François, Nicolas, Madeleine, Cardeal Morlot - Paris, 1863- , EV, Cap 17,9


A autoridade de Jesus
4. Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina.³

Podemos fazer o seguinte exercício:
1.Pensemos em alguém vivo ou não, que exerceu autoridade sobre nós, (pai, mãe, professor, evangelizador, amigo, cônjuge, etc...);

2.Agora vamos listar as qualidades de caráter que essa pessoa possuía ou possui;

3.Então, vamos reduzir a lista para três qualidades essenciais para o desenvolvimento da autoridade com pessoas.

4. Agora comparemos se as qualidades que enumeramos, como indispensáveis para a conquista da autoridade, se assemelham a estas.


Honestidade, Paciência, Confiabilidade, Bom Exemplo, Cuidado, Compromisso, Bom Ouvinte, Tratar as pessoas com respeito, Encorajar as pessoas, Atitude positiva, Entusiasmo, Gostava das pessoas, Humildade, Dedicação.


Destas qualidades, quais são aquelas com que nós nascemos?
Quantos destes comportamentos nos exibimos em nossa vida neste momento?


Neste ponto da nossa reflexão começamos a descobrir que não precisamos ter um diploma para sermos líderes servidores, nem termos em nossa bagagem genética o DNA da liderança, mas precisamos ter um coração generoso e uma alma movida pelo Amor.


“ Espíritas, amai-vos este o primeiro mandamento, instruí-vos eis o segundo.” Espírito de Verdade.
Servir exige sacrifício do ego, do orgulho, da sede de poder, do desejo de sermos admirados, do péssimo hábito de querermos ter todas as respostas.


Quando servimos temos que perdoar, pedir desculpas, darmos uma segunda chance, corrermos o risco de sermos rejeitados, mal interpretados e até usados em certas ocasiões.


Pagaremos o preço da liderança servidora?
Vale a pena porque em nenhum lugar nós podemos fazer mais diferença na vida das pessoas e na trajetória das instituições, dos grupos, das comunidades, do que quando estivermos na posição de liderança.


4. Liderança e Amor.


“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos este, este o segundo. “EV, 6, Instrução dos Espíritos, Espírito de Verdade, 1860.


“Há quase dezoito séculos, São Francisco de Assis pediu aos seus seguidores que pregasse o Evangelho em todas as ocasiões, mas só usassem palavras quando fosse necessário”


Na epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 13 encontramos a proposta de amor ação, que se destina a atender às necessidades do próximo e não apenas um amor emocional, que expresse sentimentos; um amor que se traduza na forma como nos comportamos em relação aos outros.


Tudo na vida gira em torno dos relacionamentos, com Deus, conosco, com os outros.


Os modelos tradicionais de liderança preocupam-se com a execução das tarefas, com a obtenção dos resultados e descuidam dos relacionamentos.
A ausência de foco na forma de construir e preservar as relações humanas tem comprometido a qualidade da tarefa e impedido a formação de equipes saudáveis e produtivas nos núcleos doutrinários.
Quando listamos as qualidades indispensáveis à aquisição da autoridade, estamos afirmando a lição de Jesus, de Paulo de Tarso e também reconhecendo a essência da liderança.
O elenco das qualidades enumeradas também representa o verdadeiro significado do caráter


A página esclarecedora, contida no Capítulo 17 do Evangelho Segundo o Espiritismo “O Homem de bem”, alinha com as considerações aqui expendidas sobre a Liderança Servidora “Encontra satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas alegrias que proporciona aos seus semelhantes, nas lágrimas que seca, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros antes de si, acudir aos interesses dos outros antes de procurar os seus.”


Liderar é identificar e satisfazer necessidades.
Vontades: São anseios que não consideram as conseqüências físicas, psicológicas e espirituais daquilo que se deseja.


Necessidades: è uma legítima exigência física, psicológica ou espiritual para o bem-estar do ser humano.


Desafie os participantes dos seus grupos de ESDE, grupos mediúnicos, equipes de trabalho na Casa Espírita a fazerem uma lista das necessidades. Analise com elas, se realmente são necessidades ou vontades. Se são necessidades, quais as conseqüências do atendimento ou não destas necessidades? Quais os caminhos que são possíveis para atender as necessidades?

Ter em mente a pirâmide das necessidades humanas proposta por Abraham Maslow.



Sede perfeitos



BIBLIOGRAFIA

1. Franco. Divaldo Pereira/Diversos espíritos.Sementeira da Fraternidade Salvador Livraria espírita Alvorada – Francisco Spinelli

2. Hunther. James C. / Como se tornar um Líder Servidor.- Os princípios da Liderança de O Monge e o Executivo. Rio de Janeiro Editora Sextante.

3. Kardec. Allan, Evangelho Segundo o espiritismo,Não vim destruir a Lei.

4.Kardec.Allan, Evangelho Segundo o Espiritismo, A afabilidade e a doçura

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