A palavra sustentabilidade está na moda. É comum ouvirmos falar dela e não apenas no universo daqueles que trabalham com a área ambiental.
Este termo é empregado por vários profissionais, das mais diversas áreas. São economistas, empresários, sindicalistas, ambientalistas, publicitários, políticos e tantos outros. As mídias a utilizam com muita frequência e os discursos políticos atuais não seriam os mesmos se não tivessem como “pano de fundo” a magia da sustentabilidade.
Também são distintas as conotações para esse termo, quase sempre em comunhão com os desejos e interesses, se assim podemos afirmar, do
indivíduo ou grupo que o emprega. E nisto há uma contradição, porque retira dessa palavra o seu real sentido, chegando ao extremo de configurar como
uma espécie de premissa na qual acabam se justificando ações de impacto negativo no meio em que vivemos.
MUITAS VEZES O TERMO SUSTENTABILIDADE É UTILIZADO PARA JUSTIFICAR INTERESSES PESSOAIS E AÇÕES NOCIVAS AO MEIO.
De fato, o termo sustentabilidade tornou-se muito flexível. Seu uso muitas vezes foi “flexibilizado” aos interesses de classes e a desejos individuais.
Porém, possui um significado intrínseco, histórico, que revela muito mais do que uma palavra “politicamente correta”. Apesar de não ser uma tarefa fácil, já que sua definição não é consenso na academia, o que precisamos é, como se faz com uma pedra preciosa bruta, polir este termo atual e descobrir seu verdadeiro significado. É este nosso intento aqui.
2 RAÍZES DO TERMO
Nossa primeira impressão é que o conceito de
sustentabilidade tem origem recente, principalmente com as publicações da Organização das Nações Unidas (ONU) que chamavam atenção às contradições do modelo de organização da produção e consumo que
temos pautado na degradação crescente dos recursos naturais. Porém, as raízes do termo a qual nos referimos já têm mais de 400 anos e têm seu berço na silvicultura (BOFF, 2012, p.33- 34).
A madeira foi a principal matéria-prima do mundo antigo e início da Idade Moderna. Tanto que muitas florestas foram praticamente destruídas,
tornando este item cada vez mais escasso. Isto era um problema que necessitava superação.
E foi, como forma de atenuar tal dificuldade que surgiu na Alemanha, na Província de Saxônia (por volta de 1560) a preocupação com o uso racional
das florestas, no intuito de possibilitar a manutenção e a regeneração das mesmas. E é em meio a esse panorama que surgiu a palavra Nachhaltigkeit cuja tradução é a palavra “sustentabilidade”.
Evidentemente não possuía a conotação que tem hoje e que veremos adiante. É por volta do século XVIII, mais precisamente em 1973, que se tem registro do uso da palavra sustentabilidade de uma forma estratégica. Novamente na província de Saxônia, Hans Carl Von Carlowitz, escreveu sobre a importância do uso sustentável da madeira, cada vez mais utilizada nas atividades da época e consequentemente mais escassa. O título de sua obra, em latim foi: Silvicultura O economica e contava com o lema: “devemos tratar a madeira com cuidado”; caso contrário, os negócios iriam
acabar e os lucros da atividade madeireira também.
Interessante que após este fato, iniciaram-se ações de replantio de árvores em regiões já degradadas. Inclusive, criou-se a Silvicultura como ciência e muitas academias com esta finalidade. (BOFF, 2012, p. 32- 33).
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