História da célebre Universidade Mackenzie, de São Paulo.
Começou quando uma educadora americana notou, em São
Paulo, na rua em que morava,um grupo de crianças vadias. Ela, que preparava
muito bem broa de milho, pôs-se a atrair os
meninos que ficavam à porta sentindo o cheiro, e começou
a dar-lhes o alimento doce. Depois,
resolveu que somente daria broas às crianças que viessem,
no Domingo, pela manhã, para
ouviram-na falar do Evangelho de Jesus.
Depois que vieram vários por causa da broa, ela explicou,
que só participaria da reunião, para depois comer a broa, quem viesse tomado banho, de cabelo
penteado e pés calçados. Mais
tarde, ela notou que poderia fazer algo mais do que a
broa. Teve a idéia de preparar um lanche mais substancial para atrair mais meninos de rua.
Eles aumentaram de tal forma que chegavam à hora em que
ela estava na confecção do alimento.
Ocorreu-lhe estabelecer que, a partir da data X , somente
teria acesso à aula de Evangelho, para depois comer, quem soubesse ler e escrever. E como
eles não o sabiam, ela pôs uma mesa no fundo do quintal e abriu uma escola de iniciação
alfabética. Hoje é o Mackenzie, que tem uma bela e longa história, inclusive, foi visitado
por D. Pedro II que lhe fez uma expressiva
doação.
Uma americana, Mary Jane Mac Leod Bethune, começou a
educar crianças num depósito de lixo. A lei da segregação racial nos Estados Unidos era
muito severa contra os negros. Ela era
negra, havia ganho uma bolsa de estudos de uma costureira
quaker, e, ao se formar não tinha alunos. Quando foi nomeada não havia escola. Ela então
reuniu três caixões vazios de cebola,
colocou-os embaixo de uma árvore, num depósito de lixo,
convocou três descendentes de escravos e começou a ensinar-lhes a ler e escrever.
Oportunamente, quando Henry Ford foi a Osmond, uma praia
da Califórnia, ela foi visitá-lo. Ao chegar à porta, foi barrada, porque, no hotel, negro não
podia entrar, somente na condição de
serviço. Ela subiu a escadaria de incêndio de nove
andares, saltou a janela, tocou a campainha da porta, e, quando o mordomo veio abri-la, disse-lhe:
Quero falar com Mr.Ford.
O mordomo, que também era negro, respondeu: Mas ele não recebe
negros! E falou-lhe baixinho: Como você se atreve a vir aqui? Ela reagiu bem alto: Eu tenho
uma entrevista marcada com Mr. Ford,
que assinalei por telefone.
Eu sou Mary Jane.
Ouvindo-a, Mr. Ford redargüiu: Entre, senhora.
Quando ela se adentrou, ele, que era humanitário e
acreditava na reencarnação, exclamou, surpreso: Mas eu não sabia que a senhora era uma negra!
Ela sorriu, elucidando: Não totalmente. Eu duvido que o
senhor conheça dentes mais alvos e um olho mais brando do que o meu.
Ele a adorou, porque uma mulher que era superior a essas
mesquinharias humanas merecia respeito. Perguntou-lhe:
O que a senhora deseja de mim? - Desejo que o senhor me
ajude a construir a minha escola, a ampliá-la.
Gostaria de levá-lo ao meu terreno, a fim de
que o senhor construa comigo a escola dos meus sonhos. Ele aquiesceu. Desceu com ela pelo
elevador por onde não pudera subir.
Quando ela passou pela porta e o atendente a viu, ela ainda,
só para surpreender, pegou braço de Mr.Ford, com a maior intimidade. Sentou-se num
carro coupé aberto, desfilando pela cidade de Osmond e olhando para todo mundo. Isso há
mais ou menos sessenta anos. Era muita coragem!
Levou-o ao seu terreno. Quando chegou ao depósito de
lixo, disse-lhe:
É aqui, senhor, que eu quero construir a minha escola.
Ele, surpreso, retrucou:
- Aqui? E onde está sua escola?
Ela apontou:
- Ali.
- Senhora, ali é um depósito de lixo.
Eu sempre me esqueço dos detalhes! Em verdade a minha
escola está aqui na cabeça. Eu quero que, com o seu dinheiro, o senhor arranque daqui
(apontou a cabeça) e a coloque ali.
Ele deu-lhe, então, vinte mil dólares.
Essa mulher educou, até o ano de 1969, milhões de negros
americanos. Tornou-se o símbolo da educadora mundial.
Quando o presidente Franklin Delano Roosevelt cancelou as
subvenções por causa da guerra, ela lhe pediu uma entrevista na Casa Branca, e disse-lhe: O senhor não vai cortar as subvenções das minhas escolas.
Ele redargüiu:
A senhora não se esqueça que eu sou o presidente.
E ela repostou:
Nem o senhor esqueça que eu sou eleitora, e eu vou me
lembrar.
Ela sentou-se. E a sua foi a única rede de escolas que
não teve as subvenções canceladas naquele período.
Certa feita, ela estava numa cidade do Sul, onde a
intolerância racial era muito grande e teve uma crise de apendicite. Foi levada de emergência ao
hospital e colocada na mesa cirúrgica.
Quando os médicos entraram e a viram, disseram:
"Operar uma negra?" E saíram da sala.
Ela pôs a mão no lugar dorido, olhou para a janela e
orou: "O Senhor deve estar brincando comigo. Acho que o Senhor só me deu essa apendicite para
me desafiar. Porque se o Senhor
me ajuda a sair desta mesa, eu Lhe prometo que, na
América, onde o Senhor me pôs na Terra, nunca mais morrerá ninguém de apendicite pelo crime de
ser negro, porque eu não deixarei.
Levantou-se e ergueu uma Faculdade de Medicina. É uma das
histórias mais lindas do século, mas, infelizmente, desconhecida dos brasileiros.
Quando estourou a guerra da Coréia, ela já era um vulto
venerando no mundo. Foi conselheira da UNESCO e da ONU para assuntos raciais.
Outra vez, ela vinha atravessando o corredor para negros,
no aeroporto de uma cidade do Sul.
Um rapaz branco saltou a cerca, abraçou-a e chamou-a de
mamãe. Então o colega reagiu: É louco? Como pode abraçar esta negra?
Ele explicou: É por causa desta negra que eu vou dar a
minha vida na Coréia. Quando eu fui convocado para a guerra, em um país que jamais eu havia
ouvido falar o nome, fui ao meu professor de geografia e perguntei: Onde é que fica mesmo
essa Coréia? Ele mostrou no mapa uma região miserável, perdida, que eu não sei quem estava
lá. E eu vou prá lá, porque me disseram que eu vou salvar a democracia, que eu aprendi
com esta negra, que ama a todos os homens, sem perguntar o nome, a cor, a raça ou a crença.
Ela escreveu mais tarde: Eu poderia ter morrido naquele
dia, porque minha missão, na Terra, havia acabado.
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