Li essa semana um desabafo de um Maçon que me fez pensar um pouco mais em segregação e as debilidades e fraquezas causadas por esta.
Fiquei pensando no quanto estamos divididos e separados por rótulos colocados por nós mesmos e reafirmei a minha concordância com o escritor Vivaldo Coaiacy, quando diz que somos o nosso próprio inimigo. Que fomos nós que inventamos a mentira e a falsidade. Criamos as seitas, religiões, países, Estados e Governos. E criamos isso para nos separarmos uns dos outros.
Quando o nosso objetivo principal deveria ser o de vivermos em um núcleo de fraternidade, acabamos esquecendo disso e pensando – e vivendo – em segregação.
Cada religião foi dividida em milhares de outras, os deuses começaram a receber nomes e mais nomes e a verdade recebe uma cor diferente de um lugar para outro.
Isso me fez lembrar de duas histórias que ilustram bem nossa forma atual de vida.
A primeira fala de quatro viajantes – um persa, um árabe, um turco e um grego – que receberam uma moeda de prata durante a viagem e começaram a discutir o que poderiam comprar com a moeda. O persa deu a idéia de comprarem ANGUR, para saciarem a fome, mesmo sem saber de que o persa falava, o árabe o chamou de tolo e disse que era melhor se comprassem INAB. Em seguida o turco discordou de ambos e exigiu que fosse comprado UZUM. O grego, que tinha ¼ da moeda, disse que pelo menos sua parte seria usada para comprar ISTRATIL. Nenhum sabia de que o outro falava e o que significava cada palavra, assim começaram uma discussão que beirava à agressão física. Eis que um homem sábio e conhecedor de varias línguas se aproximou deles e se ofereceu para solucionar o problema. Não vendo melhor opção, os quatros resolveram entregar a moeda ao sábio, que comprou uma boa porção de uvas. Que era exatamente o que cada um pedia em seu idioma.
A segunda, fala sobre quatro amigos que se dirigiram a um farol e se posicionaram cada um de um lado da torre esperando que a luz do farol se acendesse. No momento que a luz se acendeu, um comentou como era bela aquela luz verde. O outro riu e disse que a luz era azul. O terceiro não se conformava com o fato de confundirem a luz vermelha com azul ou verde. E o quarto riu do fato de discutirem sobre a cor da luz, que pra ele era amarela. Os quatro iniciaram então uma briga e começaram a jogar pedras um no outro, até que uma pedra atingiu o vidro amarelo da torre, revelando a luz branca que saia e se projetava através das vidraças, azul, verde, vermelha e amarela.
Fico imaginando se os quatro amigos ou os quatro viajantes fossem atacados por inimigos reais enquanto defendiam suas idéias e atacavam a dos outros. Sem dúvida, mesmo falando da mesma coisa, eles acabariam abandonando seus companheiros ou ainda ajudando os inimigos a derrotá-los, simplesmente por não entender seu ponto de vista. Os homens falam da mesma coisa de formas diferentes, e iniciam guerras somente para se fazer aceitar sua opinião. Se cada um desses amigos ou dos viajantes fossem uma nação, as chances de se iniciar uma guerra seriam gigantes. Genocídios aconteceriam por não saberem falar “uva” em outras línguas, ou por não conseguirem ver através de vidros e nem se importarem em conhecer a visão dos outros.
A História revela vários casos onde grandes generais ou chefes de estados usavam a estratégia de “dividir para conquistar”. Alexandre conquistou o império persa assim. Os mongóis usavam o terror para separar os aldeões das terras para as quais se dirigiam, Sun Tzu ensinou a separar e confundir os inimigos. A velha frase “a união faz a força” é esquecida cada vez mais, e isso pode, sem duvidas levar qualquer nação ao fim e qualquer homem à ruína.
Certamente “nenhum homem é uma ilha”, mas nos comportamos como palmeiras isoladas. Enquanto o homem continuar a defender suas idéias revestidas de preconceito com as demais, não haverá idéias reais a serem defendidas. Enquanto olhares cada instituição religiosa como dona da verdade, haverá guerra em nomes de deuses deturpados. Enquanto mancharmos filosofias profundas com “achismos” e opiniões apaixonadas e desejosas, seremos parias para o mundo.
Há de se viver a filosofia atemporal, onde se busca formar um núcleo de FRATERNIDADE UNIVERSAL. Onde se busca Investigar as leis da natureza e a alma do Homem. Onde se busca estudar comparativamente as vias de conhecimento e pilares da humanidade (arte, ciência, religião e política).
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