A Revolução dos Jasmins na Tunísia (eu prefiro chamá-la de Revolução da Dignidade) é um acontecimento sem precedentes. Surpreendeu todo mundo, incluindo os políticos da oposição e intelectuais, o que demonstra, se é que havia necessidade de demonstrá-lo, como a elite está afastada da população, sobretudo a dessas regiões distantes como Sidi Bouzid ou Kasserine, de onde partiu essa revolução. O que aconteceu na Tunísia e no Egito, e pode ser que aconteça muito em breve na Argélia, prova que os árabes, ao contrário de tudo o que se diz no Ocidente com uma certeza tingida de certa arrogância, sentem um profundo apego pela liberdade e a democracia.
Na minha opinião, três fatores contribuíram para que a revolução na Tunísia fosse possível. O mais importante é a juventude tunisiana, que desencadeou essa revolução e pagou um alto preço (a grande maioria dos assassinados pela polícia e as milícias armadas do antigo regime são jovens). A Tunísia é o país do Magreb com o índice de alfabetização mais alto. O segundo fator é a existência de uma classe média, em contraste com o que ocorre na maioria dos países árabes. O último fator reside no lugar tão importante - em comparação com os demais países árabes - que a mulher ocupa na Tunísia. Sei que o caminho ainda é longo até que a Tunísia se converta em um verdadeiro país democrático, mas sou bastante otimista, e como não ser, depois de tudo o que esse pequeno país nos demonstrou.
Omar El Keddi (escritor líbio)
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