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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jovens Árabes - revoltas tunisiana e egípcia -Emigrar para o mundo virtual


 


Emigrar para o mundo virtual
A grande semelhança das revoltas tunisiana e egípcia confirma que vamos contemplar outras mais nos países árabes, que às vezes terão perfis diferentes, conforme a natureza das populações e a estrutura de seus sistemas políticos.
Os elementos mais importantes para conseguir que qualquer revolta triunfe são os seguintes:
1 - Um número consistente de jovens ativistas nas redes sociais, como Facebook e Twitter, incluindo blogueiros como os que informaram sobre as torturas nas delegacias egípcias.
2 - Suficientes organizações da sociedade civil, porque constituem um requisito para poder negociar com o regime e fazer parte de um novo governo.
3 - Ter certeza de que o exército está senão a favor da população, como na Tunísia, pelo menos não a favor do regime, como no Egito.
Os jovens árabes tinham várias opções:
Emigrar legal ou ilegalmente para o Ocidente.
Emigrar para o Afeganistão, Iraque, Iêmen ou Somália e lutar ali.
Imigrar para a corrupção e pisar na população de seu próprio país.
Emigrar para um mundo virtual. Este último foi exatamente o que fizeram. Ali encontraram um mundo agradável, onde podem criar as coisas que acontecem e as notícias, onde se expressam com liberdade, mesmo que sejam ateus ou homossexuais.
Esse mundo lhes dá a coragem de que necessitam para mudar o mundo real. Como não têm experiência política, não são capazes de transformar sua revolta em uma revolução completa. No entanto, agora descobriram sua força e provavelmente entrarão na política, como os estudantes europeus de 1968.
Com certeza esses jovens transmitirão sua esperança a suas populações, o que quer dizer que não só acabarão com as ditaduras como também com o fundamentalismo islâmico. Entretanto, se lhes roubarem sua revolta haverá uma nova onda de terrorismo no estilo das Brigadas Vermelhas ou do Exército Vermelho alemão.
A democracia agita o mundo árabe, mas teremos de esperar pelo menos 15 anos para vê-las funcionar ativamente, como ocorreu na América Latina.
Na Líbia não existe suficiente sociedade civil, nem partidos políticos e não há Constituição desde 1969. Por outro lado, há suficiente ativismo na Internet e o exército é demasiado frágil para se comparar com as brigadas de segurança do regime. O Estado tem muito dinheiro para resolver qualquer problema e comprar as vontades das tribos. Creio que a menos que trabalhemos para resolver esses problemas veremos muitas revoltas, mas sem resultados positivos.




Gana Nouri (escritor tunisiano)

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