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segunda-feira, 21 de maio de 2012

AUTO-PERDÃO - Entendemos assim que, para atingir o autoperdão, é necessário que a criatura reexamine suas crenças ...



"Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo...”.

““... Porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve, como quereis que Deus esqueça que, cada dia, tendes maior necessidade de indulgência?
(Cap. X, item 15)



Nossas reações frente à vida não acontecem em função dos estímulos ou dos acontecimentos exteriores, mas sim em função de como percebemos e julgamos interiormente esses mesmos estímulos e acontecimentos. Em verdade, captamos a realidade dos fatos com nossas mais íntimas percepções, desencadeando consequentemente peculiares emoções, que serão as bases de nossas condutas e reações comportamentais no futuro.



Portanto, nossa forma de avaliar e reagir frente anos nossos atos e atitudes frente aos outros, conceituando-os como bons ou maus, é determinada por um sistema de autocensura que se encontra estruturado nos "níveis de consciência" da criatura humana.
Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende á maneira como olhamos o mundo fora e dentro de nós, podendo nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com nosso "código moral" modelado na intimidade de nosso psiquismo.
Nosso "julgador interno" foi formado sobre as bases de nossos conceitos acumulados nos tempos passados das vidas incontáveis, como também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com o médico da família, com as autoridades políticas de expressão, com a sociedade enfim.
Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas.
Essa "consciência crítica" que julga e cataloga nossos feitos, auto censurando ou auto-aprovando, influencia a criatura a agir da mesma maneira que os adultos agiram sobre ela quando criança, punindo-a, quando não se comportava da maneira como aprendeu ser justa e correta, ou dando toda uma sensação de aprovação e reconforto, quando ela agia dentro das propostas que assimilou como sendo certas e decentes.
A gênese do não-perdão a si mesmo está baseada no tipo de informações e mensagens que acumulamos através das diversas fases de evolução de nossa existência de almas imortais.
Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade de acordo com os nossos valores, crenças, normas e regras vigentes, podendo variar de indivíduo para indivíduo, conforme seu país, sexos, raça, classe social, formação familiar e fé religiosa.
Entendemos assim que, para atingir o autoperdão, é necessário que a criatura reexamine suas crenças profundas, sob a natureza do seu próprio ser, estudando as leis da Vida Maior, bem como as raízes de sua educação da infância atual.
Uma das grandes fontes de auto-agressão vem da busca apressada de uma perfeição absoluta, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um momento para outro. Aliás, a exigência de perfeição é considerada a pior inimiga da criatura, pois a leva a uma constante hostilidade contra si mesma, exigindo-lhe capacidades e habilidades ainda não adquiridas por ela.
Se padrões muito severos de censura foram estabelecidos por pais perfeccionistas à criança, ou se lhe foi imposto um senso de justiça implacável, entre regulamentos disciplinadores e rígidos, provavelmente ela se tornará um adulto inflexível e irredutível para com os outros e consigo mesmo.
Quando sempre esperamos perfeição em tudo e confrontamos o lado "inadequado" de nossa natureza humana, sentir-nos-emos fatalmente diminuídos e envolvidos por uma aura de fracasso. Não tomar consciência de nossas limitações é como se admitíssemos que os outros e nós mesmos devêssemos ser oniscientes e todo-poderosos. Afirmam as criaturas: "Recrimino por ter sido tão ingênuo naquela situação..." "Tenho raiva de mim mesmo por ter aceitado tão facilmente aquelas mentiras..."; "Deveria ter previsto estes problemas atuais"; "Não consigo perdoar-me, pois pensei que ele mudaria...".
São maneiras de expressarmos nossa culpa e o não-perdão a nós mesmos – exigências desmedidas atribuídas a pessoas perfeccionistas.
Os viciados em perfeição acham que podem fazer tudo sempre melhor e, portanto, rejeitam quase tudo o que os outros fazem ou fizeram. Não aceitam suas limitações e não enxergam a "perfeição em potencial", que existe dentro deles mesmos, perdendo assim a oportunidade de crescimento pessoal e de desenvolvimento natural, gradativo e constante, que é a técnica das leis do universo.
A desestima a nós próprios nasce quando nós não nos aceitamos como somos. Somente a auto-aceitação leva a criatura a sentir uma plena segurança frente aos fatos e às ocorrências do seu cotidiano, ainda que os indivíduos a seu redor não a aceitem e nem entendam suas melhores intenções.
O perdão concede a paz de espírito, mas essa concessão nos escapará da alma se estivermos presos ao desejo de dirigir os passos de alguém, não aceitando o seu propósito de viver.
Deveremos compreender que cada um de nós está cumprindo um destino só seu, e que as atividades e modos das outras pessoas ajustam-se somente a elas mesmas. Estabelecer padrões de comportamento e modelos idealizados para os nossos semelhantes é puro desrespeito e incompreensão frente ao mecanismo da evolução espiritual. Admitir e aceitar os outros como eles são nos permite que eles nos admitam e nos aceitem como somos.


Perdoar-nos resulta no amor a nós mesmos - o pré-requisito para alcançarmos a plenitude do "bem-viver".
Perdoar-nos é não importar-nos com o que fomos, pois a renovação está no instante presente e o que importa é como somos agora e quais são as determinações atuais para o nosso progresso espiritual.
Perdoar-nos é conviver com a mais nítida realidade, não se distraindo com as ilusões de que os outros e nós mesmos "deveríamos ser" algo que imaginamos ou fantasiamos.
Perdoar-nos é compreender que os que nos cercam são reflexos de nós mesmos, criações nossas que materializamos com nossos pensamentos e convicções íntimas.


O texto em estudo - "perdoar aos inimigos é pedir perdão a si mesmo" - quer dizer: enquanto nós não nos libertarmos da necessidade de castigar e punir ao próximo, não estaremos recebendo a dádiva da compreensão para o autoperdão.
"... porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve...", como haveremos de criar oportunidades novas para que o "Divino Processo da Vida" nos fecunde a alma com a plenitude do Amor a fim de que possamos perdoar- nos?

Hammed.



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