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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reflexão: Só para pessoas que sabem refletir!!! Vejamos se entendo: estar no Círculo sempre nos faz infelizes?


Era uma vez um Rei muito triste; que tinha um pajem, que como todo pajem de um Rei triste, era muito feliz... Todas as manhãs, o pajem chegava com o desjejum do seu Amo, sempre rindo e cantarolando alegres canções... O sorriso sempre desenhado em seu rosto, e a atitude para com a vida sempre serena e alegre...


 
Um dia o Rei mandou chamá-lo:

 
- Pajem - disse o Rei - qual é o seu segredo?

 
- Qual segredo, Alteza?

 
- Qual o segredo da tua alegria?

 
- Não existe nenhum segredo, Majestade...

 
- Não minta, pajem... bem sabes que já mandei cortar muitas cabeças por ofensas menores do que a sua mentira!

 
- Mas não estou mentindo! Não guardo nenhum segredo.

 
- E por que estás sempre alegre e feliz?

 
- Majestade, eu não tenho razões para estar triste: muito me honra servir à Vossa Alteza, tenho minha esposa e meus filhos, e vivemos na casa que a Corte nos concedeu; somos vestidos e alimentados, e sempre recebo algumas moedas de prata para satisfazer alguns gostos.... como não estar feliz?


 
- Se você não me disser agora mesmo qual é o seu segredo, mandarei decapitá-lo - disse o Rei - Ninguém pode ser feliz por essas razões que você me deu!

 
- Mas Majestade, não há nenhum segredo... Nada me satisfaria mais do que sanar a vossa curiosidade, mas realmente não há nada que eu esteja escondendo.

 
- Vá embora daqui antes que eu chame os guardas.

 
O pajem sorriu, fez a habitual reverência e deixou o Rei em seus pensamentos.

 
O Rei estava como louco.

 
Não podia entender como o pajem poderia ser feliz vivendo em uma casa que não lhe pertencia, usando roupas de terceira mão e se alimentando dos restos dos cortesãos.

 
Quando se acalmou mandou chamar o mais sábio de seus conselheiros, e lhe contou a conversa que tivera com o pajem pela manhã.

 
Sábio, por que ele é feliz?


 
- Ah, Majestade! O que acontece é que ele está fora do Círculo...

 
- Fora do Círculo?

 
- Sim.

 
- E é isso o que faz dele uma pessoa feliz?

 
- Não, Majestade. Isso é o que não o faz infeliz...

 
- Vejamos se entendo: estar no Círculo sempre nos faz infelizes?

 
- Exato.

 
- E como ele saiu desse tal Círculo?

 
- Ele nunca entrou.

 
- Nunca entrou? Mas que Círculo é esse?

 
- É o Círculo dos 99...

 
- Realmente não entendo nada do que você me diz.

 
- A única maneira para que Vossa Alteza entenda seria mostrando pelos fatos.

 
- Como?

 
- Fazendo com que ele entre no Círculo.

 
Isso! Então o obrigarei a entrar!


 
- Não, Alteza, ninguém pode ser obrigado a entrar...

 
- Então teremos que enganá-lo

 
- Não será necessário... se lhe dermos a oportunidade, ele entrará por si mesmo.

 
- Por si mesmo? Mas ele não notará que isso acarretará sua infelicidade?

 
- Sim, mas mesmo assim entrará... Não poderá evitar!

 
- Me diz que ele saberá que isso será o passo para a infelicidade e que mesmo assim entrará?

 
- Sim. O senhor está disposto a perder um excelente pajem para compreender a estrutura do Círculo?

 
- Sim.*

 
- Então nesta noite passarei a buscar-lhe. Deves ter preparada uma bolsa de couro com 99 moedas de ouro. Mas devem ser exatas 99, nem uma a mais, nem uma a menos.

 
- O que mais? Devo levar escolta para proteger-nos?

 
- Nada mais do que a bolsa de couro, Majestade...

 
- Então vá. Nos vemos à noite

 
Assim foi...


 
Nessa noite o sábio buscou o Rei e juntos foram até os pátios do Palácio.

 
Se esconderam próximo à casa do pajem, e lá aguardaram o primeiro sinal.

 
Quando dentro da casa se acendeu a primeira vela, o sábio pegou a bolsa de couro e junto a ela atou um papel que dizia as seguintes palavras: "Este tesouro é teu. É o prêmio por seres um bom homem. Aproveite e não conte a ninguém como encontrou esta bolsa".

 
Logo deixou a bolsa com o bilhete na porta da pajem. Golpeou uma vez e correu para esconder-se. Quando o pajem abriu a porta, o sábio e o Rei espiavam por entre as árvores para verem o que aconteceria. O pajem viu o embrulho à sua porta, olhou para os lados, leu o papel, agitou a bolsa e, ao escutar o som metálico, estremeceu dos pés à cabeça, apertou a bolsa contra o peito e rapidamente entrou em sua casa.

 
O Rei e o sábio se aproximaram então da janela para presenciar a cena.

 
O pajem havia despejado todo o conteúdo da bolsa sobre a mesa, deixando somente a vela para iluminar. Havia se sentado e seus olhos não podiam crer no que estavam vendo..

 
Era uma montanha de moedas de ouro !


 
Ele, que nunca havia tocado em uma dessas, de repente tinha um monte delas...

 
Ele as tocava e amontoava, acariciava e fazia brilhar à luz da vela.

 
Juntava e esparramava, fazendo pilhas...

 
E assim, brincando, começou a fazer pilhas de 10 moedas. Uma, duas, três, 4, 5.... e enquanto isso somava 10, 20, 30, 40, 50... até que formou a última pilha... 99 moedas?

 
Seu olhar percorreu a mesa primeiro, buscando uma moeda a mais, logo o chão e finalmente a bolsa. "Não pode ser" – pensou.

 
Pôs a última pilha ao lado das outras 9 e notou que realmente esta era mais baixa.

 
- Me roubaram! Me roubaram - gritou

 
Uma vez mais procurou por todos os cantos, mas não encontrou o que achava estar faltando....

 
Sobre a mesa, como que zombando dele, uma montanha resplandecia e lhe fazia lembrar que haviam SOMENTE 99 moedas. "99 moedas... é muito dinheiro"- pensou -


 
"Mas falta uma... Noventa e nove não é um número completo. 100 é, mas 99 não..."

 
O Rei e o sábio espiavam pela janela e viam que a cara do pajem já não era mais a mesma: ele estava com as sobrancelhas franzidas, a testa enrugada, os olhos pequenos e o olhar perdido... sua boca era uma enorme fenda, por onde apareciam os dentes que rangiam..

 
O pajem guardou as moedas na bolsa, jogou o papel na lareira e olhando para todos os lados e constatar que ninguém havia presenciado a cena, escondeu a bolsa por entre a lenha. Pegou papel e pena e sentou-se a calcular. Quanto tempo teria que economizar para poder obter a moeda de número 100?

 
O tempo todo o pajem falava em voz alta, sozinho...Estava disposto a trabalhar duro até conseguir. Depois, quem sabe, não precisaria mais trabalhar... com 100 moedas de ouro ninguém precisa trabalhar.


 
Finalizou os cálculos. Se trabalhasse e economizasse seu salário e mais algum extra que recebesse, em 11 ou 12 anos conseguiria o necessário para comprar a última moeda.

 
" Mas 12 anos é tempo demais... Se eu pedisse à minha esposa que procurasse um emprego no vilarejo, e se eu mesmo trabalhasse à noite, em 7 anos conseguiríamos" - concluiu depois de refazer os cálculos -

 
"Mesmo sendo muito tempo, é isso o que teremos que fazer..."

 
O Rei e o sábio voltaram ao Palácio.

 
Finalmente o pajem havia entrado para o Círculo dos 99!!!

 
Durante os meses seguintes, o pajem seguiu seus planos conforme havia decidido naquela noite.

 
Numa manhã, entrou nos aposentos reais com passos fortes, batendo nas portas, rangendo dentes e bufando com todo o mau humor típico dos ultimos tempos...

 
O que lhe acontece, pajem? - perguntou o Rei de bom grado


 
- Nada, não acontece nada...

 
- Antigamente, não faz muito, você ria e cantava o tempo todo...

 
- Faço ou não o meu trabalho?

 
- O que Vossa Alteza esperava?

 
- Que além de pajem sou obrigado a estar sempre bem por que assim o deseja?

 
Não se passou muito e o Rei despediu o seu pajem, afinal, não era nada agradável para um Rei triste ter um pajem mau humorado o tempo todo...

 

 

 

 

 
Você, Eu e todos ao redor fomos educados nessa psicologia: Sempre falta algo para estarmos completos, e somente completos podemos gozar do que temos...

 
Portanto, nos ensinaram que a Felicidade deve esperar até estar completa com aquilo que falta. E como sempre falta algo, a idéia volta ao início e nunca se pode desfrutar plenamente da vida...Mas, o que aconteceria se a iluminação chegasse às nossas vidas e nos déssemos conta, assim, de repente, que nossas 99 moedas são os nossos 100% ?


 
Que nada nos faz falta?

 
Que ninguém tomou aquilo que é nosso?

 
Que não se é mais feliz por ter 100 e não 99 moedas?

 
Que tudo é uma armadilha posta à nossa frente para que estejamos sempre cansados, mau humorados, desanimados, infelizes?

 
Uma armadilha que nos faz empurrar cada vez mais e ainda assim tudo continue igual... eternamente iguais e insatisfeitos....

 
Quantas coisas mudariam se pudéssemos desfrutar de nosso tesouro tal como é!!!

 
Se este é o seu problema, a solução para sua vida está em saber valorizar o que você tem ao seu redor, e não lamentar-se por aquilo que não tem ou que poderia ter...



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