É peculiar ao homem fugir de tudo quanto ameaça-lhe a existência na Terra. Sejam eles perigos físicos, adversários cruéis, inimigos declarados ou ocultos, enfermidades ou cataclismas naturais, faz parte da natureza humana a defesa da sua e das vidas que ama, impelindo-o a proteger tudo que possui. Esse mecanismo de sobrevivência está ínsito no ser e faz parte dos extraordinários implementos de proteção da vida humana, exarada pelo inalienável instinto de conservação. Entre os grandes adversários do ser humano encontra-se a dor, que exerce função de sentinela para que o ser corrija ou afaste a causa que a provoca. Seja física, psicológica, afetiva ou emocional, todos a evitam, buscando manter-se distante da incômoda sensação de algia. Sob vários ângulos, a dor tem um papel a ser exercido na economia espiritual do indivíduo, convidando-o a reajustar a estrada evolutiva, evitando os abusos e reeducando os desejos do ser em relação à vida. Junto à dor, vários outros incômodos atingem o homem, impondo-lhe um pensar sobre sua existência na Terra e a maneira de como se conduz dentro dela. A busca da felicidade, só então, torna-se-lhe uma necessidade premente, urgente, fazendo com que o espírito busque acrisolar valores que o credenciem a fruir a felicidade. A felicidade geralmente é buscada fora do ser que julga encontrá-la no sexo, no casamento, no dinheiro e na fartura de todas as coisas que nutrem o perecível corpo físico, atendendo-lhe as necessidades primárias. Raros cogitam buscá-la dentro de si, numa viagem ignorada pelo país da própria intimidade, já que toda viagem ao desconhecido impele o viajante à zona do medo, que muitas vezes o paralisa na iniciativa de empreender essa inadiável tentativa. Por mais que o espírito o postergue, dia chegará em que ele será constrangido a abandonar os frágeis abrigos em que procura se ocultar para viajar pelas estradas do “eu”, buscando conhecer-se, desvelando-se em plenitude. Nessa viagem ignorada e temida, será ele defrontado pelos sicários da alma; o medo, a sensação de perda, o abandono temporário, a solidão, dentre outros. Mesmo sob pressão desses fantasmas internos, verdadeiras projeções doentias e imaturas do “eu” inferior, o ser terá necessidade de seguir adiante, buscando conhecer seu ignorado mundo interior. No final da meta, ele encontrará vários portais abertos para o infinito progresso espiritual. São os portais da felicidade, da ventura plena, da maturidade consciencial, da dilatação do psiquismo e da integral compreensão dos mecanismos de funcionamento das Leis de Deus, que vigem na intimidade de cada ser (1), tão só aguardando a oportunidade de brilharem após a necessária lapidação íntima. Ante o portal da felicidade é fundamental não recuar, buscando sedimentá-la em definitivo nos painéis internos de cada um de nós, mas igualmente haveremos de perceber que existem muitas surpresas numa jornada pelo auto-esclarecimento, tanto quanto nenhuma construção íntima ergue-se sem o contributo da dor e das experiências amargas. Avancemos, pois, para o sublimado portal de nossa própria conquista espiritual, na iniludível visão de que nesse pelejar não estamos solitários, pois que o Pai nos acompanha sob vigilante olhar, nos apontando sempre o farol da sublime ventura, que guia os navegantes da vida para o excelso clarão das estrelas. Emmanuel (Página psicografada pelo médium Marcel Mariano em 23.03.2002, em Vitória da Conquista/Ba., quando da realização da 12º Jornada Espírita do “Centro Espírita Humberto de Campos”. Nota do médium: 1. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão nº 621.
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