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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Quem quer que seja, ele lhe deve o que há de mais precioso para o homem, a moralidade de suas ações e o amor à virtude. Nascido no fundo de um bosque, teria vivido mais feliz e mais livre; mas nada tendo a combater para seguir suas inclinações, teria sido bom sem mérito, não teria sido virtuoso, e agora vele o sabe ser apesar de suas paixões.




Se te falasse dos deveres do cidadão, tu me perguntarias onde está a
pátria e pensarias ter-me confundido. Tu te enganarias entretanto, caro Emílio; pois quem não tem uma pátria tem ao menos um país. Há sempre um governo e simulacros de leis sob os quais viveu tranqüilo.
Que importa se o contrato social não foi observado, desde que o
interesse particular tenha sido protegido como o fizera a vontade geral, desde que a violência pública o tenha garantido contra as violências particulares, desde que o mal que viu fazerem o tenha levado a amar o que era bem, desde que nossas próprias instituições o tenham feito conhecer e odiar suas próprias iniquidades? Ó Emílio, onde está o homem de bem que nada deva a seu país? Quem quer que seja, ele lhe deve o que há de mais precioso para o homem, a moralidade de suas ações e o amor à virtude. 
Nascido no fundo de um bosque, teria vivido mais feliz e mais livre; mas nada tendo a combater para seguir suas inclinações, teria sido bom sem mérito, não teria sido virtuoso, e agora vele o sabe ser apesar de suas paixões. 
A simples aparência de ordem leva-o a conhecê-la, a amá-la. 
O bem público que serve unicamente de pretexto aos outros, é para ele um motivo real. Ele aprende a combater, a vencer-se, a sacrificar seu interesse ao interesse comum.
Não é verdade que não tire nenhum proveito das leis; elas lhe dão
coragem de ser justo entre os maus. 
Não é verdade que não o tenham tornado livre, elas lhe ensinaram a reinar sobre si mesmo
(ROUSSEAU, Emilio. 1973, p. 560-1)

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